Não há nenhuma dúvida que dietas à base de vegetais promovem benefícios a nossa saúde, especialmente na prevenção de doenças crônicas como câncer e arteriosclerose (1). Evidências indicam que essas dietas reduzem a taxa de mortalidade, mas ainda existem algumas inconsistências quanto ao consumo de alimentos de origem animal (2).
Um dos padrões alimentares mais estudados é a dieta mediterrânea, que consiste em uma alimentação rica em frutas, vegetais, grãos integrais e legumes, mas que ainda incluí um consumo moderado de peixes e outras carnes (2).
Os benéficos da dieta mediterrânea são evidentes, levando ao entendimento de que podemos consumir alguns alimentos de origem animal, sem prejuízos a nossa saúde, mas será mesmo que isso é verdade? Nesse texto eu irei comparar a dieta mediterrânea com uma dieta vegana, esclarecendo, de uma vez por todas, qual é a mais saudável!
O que é uma dieta mediterrânea?
A dieta mediterrânea é um padrão alimentar que teve origem na Grécia e sul da Itália na década de 60, consistindo em uma alimentação pobre em gorduras saturadas, e rica em óleos vegetais (especialmente o azeite de oliva). Essa dieta inclui muitos vegetais verdes escuros, frutas, cereais, castanhas, e legumes, além de um consumo moderado de peixe (e outras carnes), derivados do leite e vinho (3).
Quais são os benefícios da dieta mediterrânea?
A dieta mediterrânea é um dos padrões alimentares mais bem estabelecidos no meio científico em termos de benefícios à saúde. Inúmeros estudos observam reduções no risco para doenças cardiovasculares e câncer (2,3).
Mas, será mesmo que a dieta mediterrânea é a mais saudável?
Apesar das evidências, a dieta mediterrânea não é, necessariamente, a mais saudável, afinal estudos também observam benefícios similares com dietas vegetarianas e veganas (1,2).
A verdade é que são raros os estudos que comparam a dieta mediterrânea com dietas vegetarianas, e os poucos resultados que temos, favorecem uma alimentação vegana!
Em 2022, um ensaio clinico randomizado comparou indivíduos com sobrepeso, submetendo-os a uma dieta mediterrânea ou vegana (4). Os participantes foram instruídos a seguir uma das dietas por 16 semanas, após esse período eles cruzaram os grupos, ou seja, quem estava na dieta mediterrânea foi para a vegana, e vice-versa.
Nas primeiras 16 semanas, os participantes da dieta vegana perderam em média 6.4 kg de peso, enquanto aqueles que seguiram a dieta mediterrânea, não tiveram nenhuma perda significativa! O mais surpreendente foi quando eles cruzaram os grupos: nesse segundo momento aqueles que estavam na dieta mediterrânea, mudaram para a vegana e finalmente tiveram perda peso, já aqueles que transitaram da dieta vegana para a mediterrânea, tiveram reganho de peso!
Eles ainda observaram que somente na dieta vegana houve uma redução significativa no colesterol LDL (-18.7 mg/dL na dieta vegana e -0.5 mg/dL na dieta mediterrânea) e na sensibilidade a insulina (mensurada pelo HOMA-IR).
Sobrepeso e obesidade são 2 dos principais problemas de saúde da atualidade. Os resultados desse estudo indicam que a dieta vegana é mais eficaz que a dieta mediterrânea em termos de perda de peso, além de melhorar marcadores de saúde metabólica. De fato, meta-analises confirmam que vegetarianos, especialmente veganos têm mais facilidade para perder peso (5,6).
O que explica esses resultados?
Proteína de origem animal são, claramente, associadas com problemas de saúde, devido à presença de gorduras saturadas e colesterol. As gorduras de origem animal parecem causar lipo toxicidade, aumentando o risco para diversas doenças (7).
Dietas veganas são mais ricas em fibras e antioxidantes, além promovem reduções bem significativas em parâmetros inflamatórios, favorecendo a saúde de quem adere esse padrão alimentar (8,9).
Conclusões
A dieta mediterrânea, de fato, promove alguns benefícios à saúde, mas os resultados são mais expressivos com uma dieta vegana! Podemos dizer que o problema parece ser os alimentos de origem animal, afinal são ele quem difere esses 2 padrões alimentares.
Conteúdo por: Cláudio Bender | Nutricionista | CRN: 17268
Referências:
1.Craig, W. J., Mangels, A. R., Fresán, U., Marsh, K., Miles, F. L., Saunders, A. V., ... & Orlich, M. (2021). The safe and effective use of plant-based diets with guidelines for health professionals. Nutrients, 13(11), 4144.
2.Boushey, C., Ard, J., Bazzano, L., Heymsfield, S., Mayer-Davis, E., Sabaté, J., ... & Obbagy, J. (2020). Dietary Patterns and All-Cause Mortality: A Systematic Review.
3.Davis, C., Bryan, J., Hodgson, J., & Murphy, K. (2015). Definition of the Mediterranean diet: a literature review. Nutrients, 7(11), 9139-9153.
4.Barnard, N. D., Alwarith, J., Rembert, E., Brandon, L., Nguyen, M., Goergen, A., ... & Kahleova, H. (2022). A Mediterranean diet and low-fat vegan diet to improve body weight and cardiometabolic risk factors: a randomized, cross-over trial. Journal of the American Nutrition Association, 41(2), 127-139.
5.Barnard, N. D., Levin, S. M., & Yokoyama, Y. (2015). A systematic review and meta-analysis of changes in body weight in clinical trials of vegetarian diets. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 115(6), 954-969.
6.Huang, R. Y., Huang, C. C., Hu, F. B., & Chavarro, J. E. (2016). Vegetarian diets and weight reduction: a meta-analysis of randomized controlled trials. Journal of general internal medicine, 31(1), 109-116.
7.Bojková, B., Winklewski, P. J., & Wszedybyl-Winklewska, M. (2020). Dietary fat and cancer—which is good, which is bad, and the body of evidence. International journal of molecular sciences, 21(11), 4114.
8.Craddock, J. C., Neale, E. P., Peoples, G. E., & Probst, Y. C. (2019). Vegetarian-based dietary patterns and their relation with inflammatory and immune biomarkers: a systematic review and meta-analysis. Advances in Nutrition, 10(3), 433-451.
9.Menzel, J., Jabakhanji, A., Biemann, R., Mai, K., Abraham, K., & Weikert, C. (2020). Systematic review and meta-analysis of the associations of vegan and vegetarian diets with inflammatory biomarkers. Scientific reports, 10(1), 1-11.
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