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Foto do escritorCláudio Bender

Será que o consumo regular de vinho é benéfico a nossa saúde?

Atualizado: 31 de jan. de 2023


Apesar de ser uma bebida alcoólica, o vinho é aclamado por seus benéficos à saúde. Essa associação surgiu na França na década de 90, nessa época a população francesa tinha uma baixa incidência de doenças cardiovasculares apesar do alto consumo de gorduras saturadas, associou-se esse fenômeno ao consumo de vinho tinto, fato que ficou conhecido como o paradoxo francês.


O vinho tinto é riquíssimo em resveratrol, substância que traz diversos benefícios à nossa saúde, com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Por outro lado, é indiscutível que o álcool representa sérios riscos à saúde, mesmo quando o consumo é moderado.


O posicionamento da OMS é bem claro: qualquer quantidade de álcool representa riscos à saúde, o álcool é tóxico e deve ser evitado. Em contrapartida, evidências questionam esse posicionamento, argumentando que o consumo moderado de álcool por ser benéfico, especialmente quando proveniente de bebidas como o vinho e a cerveja.

Afinal, o consumo regular de vinho é benéfico ou não a nossa saúde? Se sim, qual é a dosagem e frequência ideais? Devemos evitar ou estimular essa prática?

Quais são os benefícios do resveratrol?

Encontramos resveratrol em algumas frutas como a uva e o mirtilo, assim como no amendoim e no cacau, mas o vinho tinto é a melhor fonte, contendo até 40 vezes mais Resveratrol que esses alimentos.


O Resveratrol é uma das substâncias mais fascinantes no meio da nutrição, trazendo diversos benefícios. Ele protege nosso corpo do estresse oxidativo, regula processos inflamatórios e otimiza o sistema imune.


Por essas razões o resveratrol atua na prevenção e tratamento de diversos tipos de câncer, reduz o risco cardiovascular, atua na saúde hepática, auxilia no tratamento da obesidade, previne doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson e pode auxiliar na prevenção no tratamento do diabetes.


Quais são os benefícios do vinho tinto?


De fato, o consumo regular e moderado de vinho tinto traz efeitos positivos. Estudos observam uma redução de 32% no risco cardiovascular e uma menor taxa mortalidade a partir do seu consumo. Esse fato é explicado por melhoras da função endotelial, no metabolismo da glicose e no perfil lipídico.


Evidências confirmam a capacidade do vinho em gerar respostas anti-inflamatórias e antioxidantes, podendo participar na prevenção e tratamento de inúmeras comorbidades. Vale ressaltar que esses efeitos são observados especialmente com o vinho tinto, mas não com outras bebidas alcoólicas.


Efeitos similares são observados com a suplementação de resveratrol isoladamente, dando o entendimento de que ele é o responsável pelos benefícios, e não o vinho em si.


O álcool é tóxico?

O álcool é extremamente tóxico, quando atinge a corrente sanguínea ele precisa rapidamente ser metabolizado pelo fígado de modo a minimizar possíveis danos. O consumo regular de álcool é associado a um maior risco para diversos tipos de câncer, doenças cardiovasculares, hipertensão, infarto, obesidade, doenças neurodegenerativas, e depressão.


Sem dúvida, o consumo excessivo de álcool, sobrepõem qualquer benefício de bebidas como o vinho. Devemos destacar que o considerado “moderado” pela maior parte das pessoas é, na verdade, um consumo excessivo, e muitas vezes abusivo.


Quanto vinho eu devo consumir?


A dosagem considerada ideal pelos estudos é algo em torno de 150ml por semana, ou uma taça de vinho. Essa dosagem pode fornecer de zero até 1500ug de Resveratrol, a depender da qualidade do vinho.

Um vinho de baixa qualidade, geralmente possui muito pouco Resveratrol, além disso, o teor de agrotóxicos é geralmente alto, pois muitos pesticidas são aplicados na produção da uva, sem falar da concentração alcoólica. Assim, se você está procurando benefícios com o consumo de vinho, priorize um produto de qualidade, de preferência orgânico.


Isso não significa que o vinho deve ser caro, existem diversas marcas nacionais que produzem vinhos orgânicos de excelente qualidade por preços acessíveis.. Clique aqui para saber mais sobre agrotóxicos.

Quais são as fontes de resveratrol?

Existem diversas fontes de Resveratrol, a uva em si é uma ótima fonte. Uma porção de 240ml de suco de uva pode conter até 260ug de Resveratrol. O cacau e seus derivados também são boas fontes.

Uma informação importante é que nem sempre mais é melhor quando falamos de resveratrol. Baixas doses (algo em torno de 150ug a 600ug) parecem ser mais eficazes e benéficas, inclusive existem malefícios quando o consumo é excessivo, gerando respostas anti-inflamatórias e antioxidantes excessivas que limitam nossas respostas naturais. Isso cria um ciclo vicioso que limita a nossa capacidade inata de combater eventos agressores.


Assim, menos é mais! Alimentos podem ser melhores alternativas ao vinho, trazendo respostas mais moderadas, além disso, excluirmos a presença do álcool.


Conclusões e dicas


O vinho tinto é de fato uma bebida nutritiva e pode ser extremamente benéfico quando consumido com moderação, trata-se da melhor fonte alimentar de resveratrol e evidências confirmam seus efeitos protetores, em especial na saúde cardiovascular. Apesar disso, devemos ter atenção ao consumo excessivo e podemos considerar outras fontes de resveratrol, capazes de trazer os mesmos benefícios sem a presença do álcool.

Dicas:

  • Consuma uma taça de vinho tinto (150ml) uma vez na semana;

  • Priorize um vinho de boa qualidade, de preferência orgânico;

  • Considere outras fontes de resveratrol como uva, amendoim, cacau e chocolate;

  • Cuidado com os excessos, lembre-se que o álcool é extremamente nocivo à nossa saúde;

  • Tenha moderação e divirta-se!



Conteúdo por: Cláudio Bender | Nutricionista | CRN: 17268


 

Referências:


Chiva-Blanch, G., Arranz, S., Lamuela-Raventos, R. M., & Estruch, R. (2013). Effects of wine, alcohol and polyphenols on cardiovascular disease risk factors: evidences from human studies. Alcohol and alcoholism, 48(3), 270-277.

Hurst, W. J., Glinski, J. A., Miller, K. B., Apgar, J., Davey, M. H., & Stuart, D. A. (2008). Survey of the trans-resveratrol and trans-piceid content of cocoa-containing and chocolate products. Journal of agricultural and food chemistry, 56(18), 8374-8378.

Meng, X., Zhou, J., Zhao, C. N., Gan, R. Y., & Li, H. B. (2020). Health Benefits and Molecular Mechanisms of Resveratrol: A Narrative Review. Foods, 9(3), 340.


Singh, A. P., Singh, R., Verma, S. S., Rai, V., Kaschula, C. H., Maiti, P., & Gupta, S. C. (2019). Health benefits of resveratrol: Evidence from clinical studies. Medicinal Research Reviews, 39(5), 1851-1891.



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