top of page

O cérebro precisa de carne! Verdade ou mito?


ree

Talvez você já tenha se deparado com reportagens ou posts de mídia social afirmando que a carne é essencial para a nossa cognição e que veganos têm atrofia do cérebro!


De fato, a carne é uma boa fonte de proteína, rica em aminoácidos importantes para a cognição, mas encontramos esses mesmos aminoácidos em alimentos de origem vegetal (1,2). Apesar das informações divulgadas pela mídia, aclamando os benefícios da carne, estudos contam uma história um pouco diferente, e é essa história que eu vou te contar nesse texto.


Proteínas são importantes para o cérebro?


Toda essa conversa dos benefícios da carne na cognição parte da ideia de que proteínas são essenciais para um bom funcionamento do cérebro, e isso é verdade!


O sistema nervoso central depende de uma boa oferta de proteína, já que os aminoácidos provenientes desse macronutriente são essenciais para a síntese de neurotransmissores como serotonina e dopamina (3).


Não há nenhuma dúvida de que a proteína é importante, inclusive, um consumo adequado de proteína parece reduzir o risco para condições como demência e Alzheimer (3,4), mas será que precisamos especificamente da carne?


ree

Carne é essencial para o cérebro?


Para responder a essa pergunta, nós vamos discutir as melhores pesquisas já publicadas nesse tema.


Um dos melhores estudos já conduzidos foi publicado em 2022 (4). Essa pesquisa é de extrema relevância porque avaliou uma grande população (quase 80 mil participantes) de ambos os sexos, acompanhados por mais de 20 anos! Doenças neurodegenerativas levam muito tempo para se manifestar, por isso estudos de longa duração são os melhores para responder a nossa pergunta. 


O que eles encontram nessa pesquisa é que proteínas auxiliam a nossa cognição, mas ao contrário das opiniões, a carne não exerceu nenhum benefício! Nesse estudo, o feijão foi a melhor proteína, representando uma redução de mais de 25% no declínio cognitivo. Os autores concluem que proteínas vegetais são superiores e que substituir proteínas animais pelas vegetais reduz o declínio cognitivo em 16% (4).


Outro estudo, talvez a pesquisa de maior escala já publicada, avaliou meio milhão de participantes (500 mil indivíduos), submetidos a uma série de testes cognitivos como tempo de reação, memória e capacidade de raciocínio lógico. Eles encontraram que o consumo de carne piorou o desempenho nesses testes, onde o consumo de apenas uma porção de carne (120 gramas) por semana foi o suficiente para trazer efeitos deletérios (5).


Uma pesquisa publicada em 2025 acompanhou 133 mil participantes por 43 anos. Eles encontraram que aqueles que consumiam 2 porções de 85 gramas de carne processada por semana tiveram um aumento de 13% no risco para demência! A carne in natura também aumentou o risco, onde uma porção de 85g/dia acelerou significativamente o declínio cognitivo. Os autores concluem que substituir a carne por feijões reduz o risco para demência em cerca de 20% (6).


Por fim, uma meta-análise resumiu os resultados de outros 24 estudos, envolvendo mais de 500 mil participantes de 11 diferentes países. Mais uma vez, o consumo de carne promoveu declínio cognitivo, sendo associada com um aumento de 14% no risco. Os autores estimam que a cada 50 gramas/dia de carne consumida há um aumento proporcional de 3% no risco, especialmente se essa for uma carne processada como salsicha, hambúrguer e embutidos (7).


ree

Por que há tanta discussão sobre carne e cognição?


Como eu acabei de discutir, a carne não confere nenhum benefício para a nossa cognição, na verdade, parece aumentar o risco para doenças neurodegenerativas. Mas talvez você esteja se perguntando: como pode nós termos tantos “especialistas” afirmando que a carne é benéfica?


O problema é que esses profissionais quase sempre avaliam um estudo isolado e usam disso como argumento para afirmar que a carne é essencial, mas não é assim que se interpreta evidência científica!


De fato, algumas pesquisas observam benefícios do consumo de proteínas de origem animal, incluindo a carne vermelha, mas são estudos pontuais que quase sempre apresentam falhas metodológicas, como, por exemplo, um número muito pequeno de participantes.


Esse é o caso de um estudo publicado em 2024, observando que proteínas de origem animal parecem ser fundamentais para a nossa cognição (8), mas esse estudo, em particular, avaliou uma população muito pequena, menos de 3 mil participantes! Com uma amostra tão limitada, não dá para concluir nada! Devemos, sim, considerar estudos mais robustos como os que citei anteriormente.


Outro problema são os estudos pagos pela indústria da carne, tal como uma revisão publicada em 2023 (9) discutindo as limitações dos estudos e afirmando que as evidências não são suficientes para determinar que a carne confere riscos cognitivos! As evidências em questão foram apresentadas nesse texto e nós podemos tirar as nossas próprias conclusões. Você quer saber mais sobre como a nutrição pode melhorar a sua cognição? Clique aqui!


Conclusões e dicas


Apesar de todo o sensacionalismo, quando avaliamos as melhores evidências científicas, fica bem claro que a carne está longe de ser essencial para a nossa cognição! Na verdade, os estudos indicam que esse alimento, além de não exercer benefícios, parece conferir riscos, acelerando o declínio cognitivo e aumentando o risco para doenças neurodegenerativas.


Dicas:


  • Se você está preocupado com a saúde cognitiva, considere limitar ou até excluir a carne da sua dieta;

  • Evite especialmente carnes processadas como salsicha, hambúrguer e embutidos;

  • Garanta um aporte adequado de proteína, você não precisa de muito, mas é importante ter atenção;

  • Prefira fontes vegetais de proteínas;

  • Na dúvida, busque um profissional qualificado para te auxiliar!


ree

Conteúdo por: Cláudio Bender | Nutricionista | CRN: 1726


Referências:


1.van de Rest O, van der Zwaluw NL, de Groot LC. Literature review on the role of dietary protein and amino acids in cognitive functioning and cognitive decline. Amino acids. 2013 Nov;45(5):1035-45.


2.Gardner CD, Hartle JC, Garrett RD, Offringa LC, Wasserman AS. Maximizing the intersection of human health and the health of the environment with regard to the amount and type of protein produced and consumed in the United States. Nutrition reviews. 2019 Apr 1;77(4):197-215.


3.Muth AK, Park SQ. The impact of dietary macronutrient intake on cognitive function and the brain. Clinical Nutrition. 2021 Jun 1;40(6):3999-4010.


4.Yeh TS, Yuan C, Ascherio A, Rosner BA, Blacker D, Willett WC. Long-term dietary protein intake and subjective cognitive decline in US men and women. The American journal of clinical nutrition. 2022 Jan 1;115(1):199-210.


5.Zhang H, Cade J, Hadie L. Consumption of red meat is negatively associated with cognitive function: a cross-sectional analysis of UK Biobank. Current Developments in Nutrition. 2020 Jun 1;4:nzaa061_138.


6.Li Y, Li Y, Gu X, Liu Y, Dong D, Kang JH, Wang M, Eliassen H, Willett WC, Stampfer MJ, Wang D. Long-term intake of red meat in relation to dementia risk and cognitive function in US adults. Neurology. 2025 Feb 11;104(3):e210286.


7.Quan W, Xu Y, Luo J, Zeng M, He Z, Shen Q, Chen J. Association of dietary meat consumption habits with neurodegenerative cognitive impairment: an updated systematic review and dose–response meta-analysis of 24 prospective cohort studies. Food & Function. 2022;13(24):12590-601.


8.Cui, F., Li, H., Cao, Y., Wang, W., & Zhang, D. (2024). The Association between Dietary Protein Intake and Sources and the Rate of Longitudinal Changes in Brain Structure. Nutrients, 16(9), 1284.


9.Paul TL, Fleming SA. Dietary consumption of beef and red meat: A scoping review and evidence map on cognitive outcomes across the lifespan. Public Health Nutrition. 2023 Dec;26(12):2912-26.

Obrigado pelo envio!

Ficou alguma dúvida?
Confira a minha página de dúvidas frequentes!

Brasília - Brasil
Atendimento online em todo o Brasil

Cláudio Bender 

CRN:17268
CPF: 036.557.851-78
Brasília - DF
Data estimativa de entrega da dieta: 7 dias úteis

© 2023 por Benders Marketing

bottom of page